O médico Márcio Antônio Souza Júnior está sendo investigado após ter filmado um funcionário negro preso com correntes e algemado, dando a entender que o homem era seu escravo. No vídeo que circula pelas redes sociais, o médico mostra seu funcionário e diz que ele ficará em sua senzala, pois não quis estudar.
“Falei para estudar, não quer… Vai ficar na minha senzala… Aí, ó… Tenta fugir, cara”, disse o médico, que pertence a uma família tradicional em Goiás e postou o vídeo nas redes sociais na última segunda-feira (14).
Em entrevista à “TV Globo” nesta quinta-feira (17), Gustavo Cabral, delegado da cidade de Goiás, contou que a Polícia Civil da cidade, inicialmente, abriu um inquérito visando apurar dois crimes por conta do vídeo: injúria racial e também constrangimento.
Segundo o agente público, no entanto, o crime de injúria acabou sendo substituído pelo racismo, que tem pena maior e é caracterizado pelo preconceito por cor ou religião, por exemplo, com pena maior.
“É assustador ver aquela cena, ver o funcionário daquela forma, uma situação de opressão mesmo. Apesar dele ter consentido, segundo ele, é assustadora a fala do médico. Isso leva a crer que pode haver o crime de induzimento ao racismo”, disse o delegado.
Médico diz que foi brincadeira
Na quarta, o médico fez dois novos vídeos. Um dizendo que tudo não passou de uma brincadeira. “E aí, camarão! O povo está enchendo o saco. O que você fala disso?”, perguntou ele ao funcionário, que respondeu: “Tem nada de escravidão, não gente”.
Já no final da tarde, o médico voltou a fazer um vídeo comentando sobre o caso, chamado de “encenação teatral” por ele. “Gostaria de pedir desculpas se alguém se sentiu ofendido, foi uma encenação teatral”, disse.
Segundo o delegado responsável pelo caso, é “chocante” ver algo como o gravado no vídeo em pleno 2022. “Espero que esse caso, além da punição individual para essa pessoa, sirva de aprendizado para toda sociedade, para superar esse terrível racismo estrutural que a gente vive”, afirmou ele.
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