Professores da rede estadual decidiram nesta sexta-feira (05) que entrarão em greve a partir da próxima segunda-feira (08) contra a volta presencial às aulas. A medida foi aprovada por 91,7% dos votantes na assembleia virtual promovida pelo sindicado dos professores, a Apeoesp. De acordo com a entidade, cerca de cinco mil docentes participaram da votação – a rede estadual tem cerca de 190 mil educadores.
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O início das aulas na rede estadual, previsto para segunda, deverá acontecer com revezamento de alunos, sendo que o número máximo de lotação será até 35%. Em nota, a presidente da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), afirma que a greve é em defesa da vida.
“Não há condições para um retorno seguro”, começou. “Recebemos a todo momento fotos e vídeos de professores mostrando banheiros quebrados, lixo acumulado, goteiras, álcool gel vencido. E tudo isso já está causando consequências graves.”
Além disso, a entidade defende que as escolas só reabram após a vacinação dos profissionais da educação. Nesse sentido, a Apeoesp divulgou 147 casos de infecção por Covid-19 registrados até o momento em escolas com algum tipo de atividade presencial.
Governo diz que escolas estão prontas
Do outro lado, o governo de João Doria (PSDB) afirma que as escolas da rede foram equipadas para dar segurança a alunos e professores. Dessa forma, o governo afirma que o retorno presencial é essencial diante das lacunas de aprendizagem e dos problemas de saúde mental decorrentes do ensino remoto.
O discurso do governo acontece porque, hoje, o Brasil é um dos países com escolas fechadas há mais tempo. De acordo com um levantamento divulgado pela Unesco, em janeiro, a média de tempo que as escolas ficaram com as portas fechadas chegava a 40 semanas no país, contra uma média mundial de 22 semanas.
Secretaria se pronuncia sobre a greve
Na tarde desta sexta (05), a Secretaria da Educação divulgou uma nota em que diz lamentar que a Apeoesp “se paute por uma agenda político-partidária completamente desvinculada do compromisso com o aprendizado dos alunos”.
De acordo com a Secretaria, a pasta tomará medidas judiciais contra a greve e que faltas não justificadas pelos profissionais serão descontadas. “A retomada das aulas é pautada em medidas de contenção da epidemia, obedecendo aos critérios de segurança estabelecidos pelo Centro de Contingência do Coronavírus, embasada em experiências internacionais e nacionais”, disse a nota.
Por fim, a Secretaria afirma que os “estudantes e profissionais com doenças crônicas ou fatores de risco devem permanecer em casa, cumprindo atividades remotas”.