Em participação no ‘Quem Pode, Pod’, podcast de Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, Taís Araujo recorda comentário racista feito por ator da Globo. A atriz conta sua resposta na ocasião e diz ter sido chamada de ‘grossa’ e ‘arrogante’ desde nova.
Taís Araujo recorda comentário racista de ator da Globo
Na entrevista que foi transmitida nesta última terça-feira (2), a atriz diz que recebe críticas por seu comportamento, no entanto, admite que faz isso de propósito. “Escuto isso, sei lá, desde que saí da maternidade. As pessoas falam ‘nossa, que garota metida’. Desde sempre! Na minha infância e adolescência, fatalmente tive que levantar meu nariz ou seria atropelada. Eu fui criada num lugar muito branco e muito de elite. Se eu não me impusesse, seria atropelada por todo mundo e não estava a fim de ser atropelada por ninguém”, explica.
Taís, então, relata o caso de racismo que viveu com um colega de trabalho. “Uma vez, um ator da Globo falou para mim: ‘engraçado, eu não conheço nenhum negro bem-sucedido que não seja prepotente e arrogante'”, recorda. Ademais, a artista conta qual foi sua resposta na ocasião: “‘Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Será que é você que não está acostumado a ver negros em lugares de poder e só entende negros em lugar de subserviência e se não for assim, acha que é prepotência?’. Ele não teve resposta. Eu lembro muito bem. Estava trancada dentro de um carro com ele fazendo uma cena”, comenta.
Taís diz que essas respostas que dá preservam sua saúde: “Se eu não boto limite nas pessoas quando acho que estão me atravessando, eu adoeço, mesmo. E as pessoas têm a tendência a atravessar a gente, todos nós. Se sinto que estou sendo desrespeitada, preciso botar limite na hora”.
Reação
Taís, aliás, afirma que as pessoas brancas ainda não enxergam um jeito mais imponente de pessoas pretas com bons olhos. “Isso vem desde o Brasil colônia. Encarar uma população que foi sequestrada e escravizada com algum poder olhando para você no mesmo nível… você fala ‘não, no meu subconsciente, no meu histórico, você tem que estar de cabeça baixa e dizer amém para tudo que eu falo, não pode levantar a voz’. Isso é uma questão que está na pele do brasileiro, correndo, tatuado. É um olhar que não está acostumado, mas vai ter que se acostumar”, aponta, por fim.