Nesta segunda-feira (20), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a “pressa é inimiga da perfeição”, ao tratar sobre a vacinação de crianças contra Covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o uso do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, entretanto, o Ministério da Saúde adiantou que o tema não é consenso na pasta e ainda será debatido. As declarações foram dadas em entrevista à GloboNews.
“Não é um comunicado público que vai fazer o Ministério da Saúde se posicionar de uma maneira ou de outra. Eu preciso de toda a análise. A análise da qualidade, da evidência científica apresentada, avaliação da amostra de pacientes. O Ministério da Saúde é o responsável pela política pública de saúde. A pressa é inimiga da perfeição.”, disse o ministro.
O posicionamento de Queiroga diverge das informações pró-vacinação de crianças divulgadas pela CETAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19), ligada ao Ministério da Saúde. Na última sexta (17), a Câmara Técnica convocou uma reunião do comitê formado por médicos e pesquisadores, que trataram sobre a vacinação infantil e deram um parecer favorável.
Queiroga, por outro lado, diz que soube da decisão da CETAI através da imprensa e ainda questionou o parecer, afirmando que a decisão não seria um documento por não conter assinaturas. “Documento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que recebi foi esse aqui, tem um ofício e depois um comunicado público”, disse o ministro.
Questionado por qual motivo a vacinação de crianças contra Covid-19 não está sendo organizada de maneira mais ágil, Queiroga demonstrou irritação com o repórter.
“Esse joguinho não adianta, a população brasileira confia em nós, estamos fazendo a análise correta, quando você tiver um filho de 5 a 11 anos você vai entender isso. Os pais terão resposta no momento certo. Não vou me manifestar com base em um documento público de três páginas.”, disse o ministro.
Brasil tem alta taxa de mortalidade de crianças por Covid-19
Antes de decidir sobre a vacinação de crianças contra Covid-19, o Ministério da Saúde pretende fazer uma consulta pública sobre o tema. “Não é uma eleição, para saber o que quer e o que não quer. É ouvir a sociedade. Depois essas contribuições são analisadas pela área técnica, se faz uma audiência pública, onde se discutirá aprofundadamente esse assunto. Após, o Ministério da Saúde fará suas recomendações”, detalhou Queiroga.
Até maio deste ano, ao menos 948 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no Brasil, de acordo com dados do Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância da Gripe), colocando o país em segundo lugar no ranking de nações com maior proporção de óbitos de crianças pela doença (32 mortes a cada 1 milhão de habitantes). A primeira posição é ocupada pelo Peru, que registrou 41 mortes de crianças por Covid-19 a cada 1 milhão de pessoas.