A advogada Bruna Morato, representante de médicos que denunciaram a Prevent Senior, disse hoje (28) em depoimento à CPI da Covid que diretores da empresa fizeram um pacto com o chamado “gabinete paralelo” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para promover o uso da cloroquina contra a Covid-19. O objetivo era evitar que medidas restritivas prejudicassem a economia do país.
Segundo a advogada, diretores da Prevent Senior ficaram preocupados com as críticas do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao chamado “kit covid de tratamento precoce”, o que teria motivado a aproximação da empresa com o governo Bolsonaro.
“Durante essa aproximação, ele [diretor-executivo Pedro Batista Júnior] buscou o apoio, parece que tinha um médico, que era primo ou sobrinho do ministro Mandetta. Essa aproximação não teria dado certo”, afirmou Morato.
Foi então que os diretores da Prevent Senior fizeram contato com o “gabinete paralelo” responsável por aconselhar Bolsonaro sobre assuntos ligados à pandemia de Covid-19.
“Tinha um grupo de assessores médicos com o governo, que tinham informações muito próximas às do Ministério da Economia para que o país não aderisse ao lockdown. A Prevent Senior entrou para corroborar essa possibilidade para que as pessoas se expusessem mais ao vírus, cientes de que existia uma possível cura ou tratamento para reduzir a letalidade da doença. Elas teriam mais coragem de sair. Uma pílula de esperança.”, revelou a advogada à CPI da Covid.
Diretor da Prevent Senior nega relação com “gabinete paralelo” de Bolsonaro
De acordo com ela, a Prevent Senior ficaria responsável de produzir informações que convergissem com a teoria de que o tratamento precoce seria eficaz contra a Covid-19.
“Havia um interesse inicial, vinculado ao governo federal, de que o Brasil não podia parar. A população geral ouviria a palavra ‘prevenção’ e teria coragem de sair na rua. Ainda que doentes, pessoas teriam esperança de que não iriam falecer daquilo.”, afirmou.
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, relatou à CPI da Covid que o empresário Carlos Wizard, membro do “gabinete paralelo”, o teria colocado em um grupo de Whatsapp, mas disse que recusou o convite e saiu logo em seguida.
“Quando tentaram me explicar, não entendi, [o grupo] não tinha um objetivo próprio e saí do grupo imediatamente. Não tinha por que permanecer em grupo que não tinha objetivo”, disse o empresário em depoimento prestado na semana passada.