A China negou um pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS) para abrir novas investigações sobre a origem da Covid-19 no país asiático, que foi o primeiro a detectar o novo coronavírus no final de 2019. As autoridades chinesas dizem que apoiam uma abordagem “científica”, e não “política”, sobre a questão do surgimento da doença.
Os primeiros casos confirmados de Covid-19 apareceram em Wuhan, na região central da China, e desde então o coronavírus se espalhou pelo mundo e causou mais de 4 milhões de mortes.
Até o momento, não se sabe ao certo como o novo coronavírus surgiu. A hipótese mais aceita pelo governo chinês é de que tenha havido uma transmissão de um animal hospedeiro. No entanto, autoridades de outros países, como os EUA, não descartam a teoria de que o vírus tenha escapado de um laboratório chinês.
Para investigar a origem da Covid-19, especialistas internacionais foram enviados pela OMS à China em janeiro deste ano. O resultado da viagem foi um relatório feito em conjunto com cientistas chineses, que disseram que provavelmente o vírus passou dos morcegos aos humanos por meio de um outro animal intermediário. A conclusão aponta que é “extremamente improvável” que o vírus tenha saído de um laboratório.
O governo dos Estados Unidos insiste que a segunda hipótese não pode ser descartada, travando um conflito político com a China sobre o tema. Em meio aos questionamentos sobre a origem da Covid-19, a OMS pediu para todos os países, inclusive a China, publicarem “todos os dados sobre o vírus”.
“Para poder examinar a hipótese do laboratório, é importante ter acesso a todos os dados brutos”, enfatizou a OMS, para quem “o acesso aos dados não deve ser, de forma alguma, uma questão política”.
China diz que nova investigação sobre origem da Covid-19 é desnecessária
O governo chinês reagiu ao pedido da OMS, dizendo que o relatório elaborado anteriormente é suficiente, pois a teoria do vazamento do laboratório já havia sido descartada. Pequim afirmou que o novo pedido tem motivação política.
“Nós nos opomos à politização na busca pelas origens” do vírus “e ao abandono do relatório conjunto China-OMS”, declarou o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, em entrevista coletiva.
“As conclusões e as recomendações do relatório conjunto foram reconhecidas pela comunidade internacional e pela comunidade científica”, frisou o vice-ministro.
“Pesquisas futuras devem e podem ser feitas apenas com base neste relatório. Não se trata de começar do zero”, acrescentou.
Sobre os dados relacionados aos primeiros pacientes com Covid-19 em Wuhan, a China evocou sigilo médico.
“Queremos apenas proteger a privacidade dos pacientes”, afirmou Liang Wannian, chefe da delegação de cientistas chineses que contribuíram para o relatório China-OMS.
“Sem o consentimento deles, nenhum especialista estrangeiro tem o direito de fotografar, ou de copiar, os dados originais”, acrescentou.