Emanuela Medrades, diretora da Precisa Medicamentos, esteve nesta terça-feira (13) na CPI da Covid-19 para falar sobre seu suposto envolvimento nas negociações de venda da Covaxin ao governo brasileiro. Pessoas ouvidas pela Comissão afirmam que realizaram ligações e e-mails com a diretora para tratar sobre os detalhes do contrato.
Ministério tentou usar modelo de negociação da Covaxin na compra de 200 milhões de doses da Sputnik
Todavia, não vai ser hoje que ela explicará sobre as acusações. Isso porque, logo no começo de seu depoimento, a diretora disse aos senadores que, por ser investigada, não responderia aos integrantes da CPI da Covid-19 para não produzir provas contra si mesma.
A atitude de Emanuela Medrades teve respaldo do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que garantiu a ela o direito de permanecer em silêncio nas perguntas que pudessem incriminá-la.
Logo após a fala da depoente, o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, afirmou que a cúpula entraria “embargos de declaração” junto ao STF, uma manobra que não altera a sentença, funcionando apenas para que o juiz ou tribunal preste maiores esclarecimentos.
“Quero dizer a vossas excelências que caso a depoente não responda nenhuma pergunta, nós iremos entrar com embargo de declaração para que o presidente do Supremo possa esclarecer quais são os limites da depoente em ficar em silêncio, e a convocaremos novamente”, declarou Aziz. Logo após a fala, o senador suspendeu a sessão, que aguarda agora o esclarecimento por parte do STF.
Emanuela Medrades na CPI da Covid-19
A diretoria da empresa foi chamada por conta de um contrato, de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. Hoje, a negociação é alvo de investigações tanto do Ministério Público Federal quanto do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal.
De acordo com pessoas ouvidas pela CPI da Covid-19, Emanuela Medrades foi uma das principais articuladoras da venda da Covaxin ao governo brasileiro. Um dos pontos que os senadores queriam detalhes no depoimento desta terça (13) era sobre o pedido de pagamento antecipado, no valor de US$ 45 milhões.
De acordo com os funcionários do Ministério da Saúde Regina Célia Oliveira e William Santana, esse valor seria pago a uma empresa chamada Madison Biotech, com sede em Singapura. De acordo com esses agentes da Saúde, Emanuela Medrades explicou por e-mail que a Madison era o agente comercial responsável pela confecção da licença de importação e possui o mesmo quadro societário da Bharat Biotech.
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