O médico sanitarista e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina Neto, afirmou que ele não usaria a CoronaVac como dose de reforço em pessoas já imunizadas contra a Covid-19, ao contrário do que defende o governo do estado de São Paulo.
A declaração foi dada em entrevista ao portal UOL nesta segunda-feira (6). Na avaliação de Vecina, a CoronaVac é uma boa vacina, mas não conseguiu provar sua eficácia em idosos acima de 60 anos.
“Não usaria Coronavac como dose de reforço. Ela é uma vacina boa, eficaz, que protege, mas não provou essa eficácia acima de 60 anos. Os pacientes inscritos em estudos da fase 3 eram, em sua maioria, pessoas abaixo dessa idade. Acho muito ruim o que a Secretaria de Saúde de São Paulo está fazendo”, disse o ex-presidente da Anvisa.
Segundo Vecina, o ideal é aplicar a dose de reforço com um imunizante diferente daquele dado anteriormente.
“Existem poucos dados sobre a dose extra. Mas há experimentos na Inglaterra, Espanha e Israel com doses alternadas e todos foram muito positivos.”, disse Vecina Neto.
SP não descarta CoronaVac como dose de reforço, mas priorizará Pfizer
Embora o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, defenda o uso da CoronaVac como terceira dose, ele concorda que o ideal é fazer o intercâmbio de imunizantes, como sugere o ex-presidente da Anvisa.
Na capital paulista, a Secretaria Municipal de Saúde disse que dará prioridade ao uso da vacina da Pfizer como terceira dose. No entanto, isso depende do envio de mais doses por parte do Ministério da Saúde, o que deve ocorrer no dia 15 de setembro.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também afirmou que a prioridade será para o imunizante da Pfizer, porém, caso não haja disponibilidade, a dose de reforço pode ser aplicada com a vacina da AstraZeneca ou da Janssen.
“Em função sobretudo da Delta e da necessidade de aumentar a proteção da população, estávamos tratando de reforço de dose. E esse reforço será direcionado primeiro àqueles indivíduos imunossuprimidos, por exemplo, pacientes transplantados. Então, esses que são imunossuprimidos, desde que tenham tomado uma dose de vacina depois de 21 dias, nós vamos aplicar um reforço e a vacina será a vacina da Pfizer”, disse o ministro Marcelo Queiroga.