Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta sexta-feira (07) o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu na Polícia Federal (PF). Com isso, as investigações ainda podem ser realizadas por mais 90 dias. O prazo para fim do inquérito se encerrava no próximo dia 27 deste mês.
As investigações começaram em 2020 após o STF atender uma solicitação da Procuradoria Geral da República (PGR). À época, o órgão solicitou que o Supremo apurasse as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que afirmou, ao sair da pasta, que Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF.
Segundo Sergio Moro, que agora é pré-candidato à presidência da República, essa tentativa de interferência aconteceu quando Bolsonaro o cobrou para que ele trocasse o chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e também quando o chefe do Executivo exonerou o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, que havia, inclusive, sido indicado por Moro.
De acordo com Sergio Moro, toda essa articulação tinha um objetivo: blindar investigações de aliados. Bolsonaro, no entanto, desde que as acusações vieram à tona, tem negado qualquer interferência dele sobre o órgão federal. No documento em que promoveu a prorrogação, Alexandre de Moraes, explicou que foi constatado a necessidade de se estender o prazo para que o inquérito termine, pois ainda existem diligências em andamento.
“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de janeiro de 2022), o presente inquérito”, decidiu Alexandre de Moraes.
Moro sempre disse que tem provas da interferência na PF
Assim como relatado, ex-juiz, afirma que Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da entidade no Rio de Janeiro e também ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo. Desde então, ele diz que, entre as provas, estão mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
Na ocasião, Bolsonaro afirmou que havia tentado trocar gente da segurança do Rio, mas, oficialmente, nunca conseguia. “Isso acabou. Eu não vou esperar f… minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse Bolsonaro durante a reunião.
Desde então, enquanto Moro afirma que, ao mencionar a palavra “segurança”, Bolsonaro se referia à PF, o chefe do Executivo diz que se referia à sua segurança pessoal, exercida pelo Gabinete de Segurança Institucional. Todavia, uma matéria da “Rede Globo” na época da divulgação da gravação mostrou que o presidente não trocou ninguém da sua segurança própria, e sim promoveu os agentes dado os seus bons desempenhos.
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