A cantora Margareth Menezes aceitou o convite do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e irá assumir o Ministério da Cultura a partir de 2023. O anúncio foi feito na última terça-feira (13), durante uma entrevista coletiva em Brasília.
Referência na música brasileira, aos 60 anos, Margareth Menezes conta com uma trajetória de sucesso, com mais de 30 anos de carreira, várias indicações ao Grammy e outras premiações, mais de dez álbuns musicais e turnês internacionais.
A cantora já fazia parte da equipe de transição de governo e, ao assumir o Ministério da Cultura, repete a estratégia que o presidente eleito, Lula, utilizou em seu primeiro mandato, quando escolheu um artista (Gilberto Gil) no comando da pasta.
Margareth ainda deve se apresentar no evento de posse do presidente eleito, junto com mais de 30 artistas confirmados.
Relembre a trajetória de Margareth Menezes
Margareth Menezes nasceu em 1962, em Itapagipe, Salvador. Filha de Diva, doceira e costureira, e Adelício Soares, motorista, é a mais velha entre cinco irmãos. Com uma família muito ligada à música, desde a infância demonstrou o seu interesse pela área artística.
Margareth descobriu os palcos através do teatro e sua carreira iniciou nos anos 1980. Desde então, esteve sempre envolvida em atividades culturais. Em 1982, fundou, com Paulo Conde e João Elias, o grupo teatral Troca de Segredos em Geral. E, em 1983, participou da criação do espaço que revolucionou a cena cultural de Salvador, o Gran Circo Troca de Segredos.
Intercalando com o teatro, por volta de 1986, iniciou sua carreira musical, lançou o seu primeiro single, assinou contrato com a gravadora PolyGram do Brasil e divulgou o seu primeiro álbum.
A partir dos primeiros lançamentos, Margareth começou a receber troféus pelo seu trabalho e iniciou uma turnê. Por volta de 1990, assinou um contrato com a gravadora estadunidense Mango/Island Records e, a convite do diretor cinematográfico Zalman King, Menezes fez parte da trilha sonora do filme Orquídea Selvagem.
Nos anos 1990, Margareth iniciou a sua primeira turnê internacional. Com o sucesso, a gravadora inglesa Polydor Records contratou Margareth para lançar um álbum em toda a Europa, produção que também foi lançada pela Mango, nos Estados Unidos e no Japão, recebendo destaque da imprensa mundial.
Com uma turnê mundial que passou pelos Estados Unidos, Europa e Japão, retornando ao Brasil no mesmo ano, Margareth ainda recebeu indicação ao Grammy de Melhor Álbum de World Music.
Foi madrinha do bloco “Os Mascarados”, em homenagem ao aniversário de 450 anos da cidade de Salvador, e lançou o Movimento Afropop Brasileiro, que festeja a cultura negra no Brasil. Margareth ainda criou a sua própria gravadora, a Estrela do Mar, e a partir de 2011 passou a atuar como produtora artística.
Na época em que gravou o seu primeiro DVD, foi apelidada pelo Los Angeles Times de “Aretha Franklin brasileira”. No ano de 2011 participou de apresentações do projeto Mulheres do Brasil “Elas Cantam Chico” e lançou o DVD Margareth Menezes para Gil & Caetano em homenagem aos 50 anos de carreira dos artistas.
Durante o período de pandemia, realizou lives especiais e iniciou um projeto a convite da plataforma Wolo TV, com conteúdo focado na população negra, sendo protagonista da série “Casa da Vó”.
Projetos sociais da artista
Além da música, Margareth também atua na área da cultura com projetos sociais. Em 2004, fundou a Fábrica Cultural, uma organização não-governamental que visa desenvolver projetos nas áreas de educação, cultura e produção sustentável na Península de Itapagipe, Salvador.
A instituição surgiu com o objetivo de combater o trabalho infantil, exploração sexual e violações de direitos e, já a partir de 2014, passou a abrigar o Mercado Iaô, centro que promove música, artes visuais e gastronomia.
Em 2020, Margareth Menezes foi empossada embaixadora do Folclore e da Cultura Popular do Brasil pela IOV/Unesco e, no ano seguinte, foi reconhecida como uma das cem personalidades negras mais influentes do mundo pela Most Influential People of African Descent (MIPAD).