A prefeitura de Assis, no interior de São Paulo, e também o Ministério Público (MP), anunciaram nesta quarta-feira (17) que abriram uma investigação contra o médico Oliveira Pereira da Silva Alexandre por ele ter tomado, de modo irregular, duas vacinas contra a Covid-19 produzidas por laboratórios diferentes.
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Segundo o próprio médico, ele recebeu a aplicação do imunizante da CoronaVac e, dias depois, recebeu a dose da vacina fabricada pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. O caso veio à tona depois que o médico gravou um vídeo nas redes sociais para justificar sua decisão.
“Veja bem, lembra que eu falei pra vocês que eu tomei duas vacinas? Eu tomei a CoronaVac e, por minha conta, eu tomei da AstraZeneca, isso não pode”, contou ele, em gravação que foi apagada no YouTube.
“Então nós temos estatística que 49% da CoronaVac seria eficiente contra os vírus. Então eu tomei, o governo deu e mandou, e quem pode manda, e quem tem juízo obedece. Porém, a nossa Unimed conseguiu a AstraZeneca que, até o momento, parece ser a melhor vacina […] Eu tomei a da AstraZeneca também com seis dias de diferença e graças a Deus não tive efeito colateral nenhum”, explica o médico.
Em nota, a Prefeitura de Assis confirmou que ele tomou a dose da CoronaVac na condição de servidor público que trabalha na linha de frente do combate à Covid-19. A segunda dose, que ele tomou de forma irregular, foi aplicada no dia 02 de fevereiro, como profissional da Unimed, que montou um posto de vacinação para a rede particular.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Assis o caso somente foi possível por instabilidade do sistema Vacivida, que monitora os vacinados no Brasil todo e que não indicou nenhum problema quando o médico se vacinou pela segunda vez com poucos dias de diferença.
“A atitude do médico nos causa indignação, pois ele usou de uma falha no sistema para receber a primeira dose de duas vacinas diferentes, o que não é recomendado nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e nem pelo Plano Nacional de Imunização”, divulgou a secretária.
“Um médico que recebe duas doses representa uma dose a menos para um cidadão. O Estado e a Prefeitura devem acioná-lo pelo que fez”, completou a pasta.
MP também investiga o médico
O MP de Assis também investiga o caso. De acordo com os promotores Fernando Fernandes Fraga (Patrimônio Público e Social) e Sérgio Campanharo (Saúde Pública), o médico teria violado “princípios norteadores da Administração Pública, especialmente o da moralidade, com a consequente configuração da prática de ato de improbidade administrativa”.
Além disso, o órgão dá prazo de 10 dias para que a prefeitura informe detalhes de como se dá a vacinação no município e explique as circunstâncias que possibilitaram que um agente público tivesse acesso às primeiras doses de imunizantes de fabricantes diferentes fornecidos pelo poder público.
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