O Festival Lollapalooza foi flagrado esta semana, de acordo com a exclusiva do site Uol, nesta quinta-feira (23), submetendo seus funcionários a condições análogas à escravidão. Cinco profissionais que atuavam na preparação do evento foram resgatados na última terça-feira (21).
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J.R, um dos trabalhadores, carregava bebidas em jornadas de 12h diárias e contou: “Depois de levar engradados e caixas pra lá e pra cá, a gente ainda era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga”.
Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho com resgate feito pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, detalhou: “Com idade entre 22 e 29 anos, eles não tinham dignidade alguma, dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Não recebiam papel higiênico, colchão, equipamento de proteção, nada”.
Os funcionários atuavam, inclusive, na informalidade. Após o resgaste, a empresa Yellow Stripe – pela qual eles foram contratados – e o Lolla foram obrigadas a ressarcir os funcionários em R$10 mil. O valor, aliás, pode aumentar caso o Ministério Público do Trabalho entre com pedido de verbas indenizatórias.
Lollapalooza se pronuncia
Confira o comunicado, na íntegra:
“Para realizar um evento do tamanho do Lollapalooza Brasil, que ocupa 600 mil metros quadrados no Autódromo de Interlagos e tem a estimativa de receber um público de 100 mil pessoas por dia, o evento conta com equipes que atuam em diferentes frentes de trabalho, em departamentos que variam da comunicação a operação de alimentos e bebidas, da montagem dos palcos a limpeza do espaço e a segurança.
São mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços. A T4F, responsável pela organização do Lollapalooza Brasil, tem como prioridade que todas pessoas envolvidas no evento tenham as devidas condições de trabalho garantidas e, portanto, exige que todas as empresas prestadoras de serviço façam o mesmo.
Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe (empresa terceirizada responsável pela operação dos bares do Lollapalooza Brasil), que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.
Diante desta constatação, a T4F encerrou imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos 5 trabalhadores envolvidos fossem garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”.
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