O Tribunal de Justiça de Goiás aprovou a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar contra Thiago Brandão Boghi, um juiz de Santa Helena de Goiás, em Goiás. O motivo: ele ter defendido, em uma decisão proferida no ano passado, que “se relacionar com p#t@s” era um motivo de “boa reputação”. Em seu texto, ele também lamentou que “os tempos mudaram” e a prostituição passou a ser vista como uma “ofensa”.
A decisão sobre o processo saiu nesta quinta-feira (10), mas foi tomada na quarta (09) e aconteceu após a sentença do juiz em um processo em que ele não reconheceu o crime de difamação.
Na ocasião, o juiz analisou o caso de um homem que moveu uma ação contra uma mulher que afirmou para a sua esposa que ele estava usando drogas e ainda “saindo com p#t@s”. Na decisão Thiago Boghi lembrou seus tempos de infância quando, segundo ele, relacionar-se com essas mulheres era considerado um “fato de boa reputação”.
“Aliás, no meu tempo de juventude, um homem se relacionar com ‘p#t@s’ era considerado fato de boa reputação, do qual o sujeito que praticava fazia questão de se gabar e contar para todos os amigos, e era enaltecido por isso, tornando-se ‘o cara da galera'”, disse o juiz.
Por conta das declarações, uma sindicância foi aberta para discutir a abertura ou não do processo contra o juiz. Na ocasião, foram 18 desembargadores votando sobre o caso, que terminou com o resultado de 12 a seis para a abertura das diligências.
Para o desembargador Leobino Valente Chaves, a ação “pode servir de caráter pedagógico” para que o juiz “possa ter uma reflexão maior e um cuidado maior em relação ao uso das palavras”. “O que mais me chocou aí dentro foram as palavras que ferem a moralidade — como se fosse uma coisa comum, até de galanteio, dizer que praticava imoralidade”, afirmou Leobino.
De acordo Dyogo Crosara, advogado do juiz, o magistrado não ofendeu ninguém diretamente e ainda não protagonizou nenhuma crítica exagerada. “É necessário que o magistrado tenha todo esse cuidado; mas esse cuidado não significa que ele perca o direito de falar. Não houve ofensa direta a ninguém, não houve uma crítica exagerada”, disse ele, afirmando que houve apenas “um excesso de linguagem, fora do contexto”.
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