Membros do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo anunciaram que avaliam a aplicação de uma quarta dose de vacina contra Covid-19 em pessoas transplantadas, pois, segundo eles, a resposta imune de pacientes que fizeram transplantes de órgãos é mais baixa do que o do restante da população.
De acordo com José Medina, integrante do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo e superintendente do Hospital do Rim, na capital paulista, a baixa imunidade em transplantados acontece com todas as vacinas contra Covid-19.
“Nos pacientes transplantados que receberam a primeira e segunda dose de outras vacinas, da Pfizer, da AstraZeneca ou da Moderna, a resposta foi tão precária quanto a resposta da CoronaVac. Por isso que a nossa proposta agora é fazer reforço da quarta dose, talvez de uma quinta dose, para aquelas pessoas que não tiveram uma resposta adequada”, explicou Medina.
Estudo aponta que vacina gera resposta imune mais baixa em transplantados
Um estudo com 12 mil transplantados vacinados indicou que o índice de mortalidade por Covid-19 em transplantados é maior. Do total de pessoas avaliadas, 21% contraíram o novo coronavírus e um a cada quatro desses pacientes morreu em decorrência da doença. “Isso é dez vezes maior do que na população em geral”, afirma Medina.
O estudo comparou dados de pacientes transplantados com o de funcionários do Hospital do Rim. Entre os funcionários, a primeira dose da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, gerou soroconversão (formação de anticorpos) de 79%. Já nos transplantados, o resultado foi de 15%.
“A resposta sorológica do paciente transplantado contra o vírus induzida pela vacina foi cinco vezes menor que na população de funcionários do hospital”, afirmou. Já após a segunda dose, a resposta foi de 98% entre os funcionários e apenas 45% entre os pacientes transplantados.
Por conta desses resultados, foi feito um estudo para avaliar a resposta imune gerada pela terceira dose da CoronaVac em pacientes transplantados. “O estudo foi feito antes do assunto da terceira dose ser abordado na população em geral, porque essa resposta no transplantado estava nos intrigando muito. E a terceira dose aumentou para 53% a resposta nos pacientes transplantados”, disse.