De acordo com um estudo inédito da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicado como pré-print na Revista Brasileira de Epidemiologia na segunda-feira (20), a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19 é importante para aumentar a cobertura vacinal no Brasil.
A pesquisa analisa a evolução da cobertura vacinal no país, mostrando como o ritmo da imunização vem caindo desde o mês de setembro e praticamente está estagnado. Segundo a Fiocruz, ampliar a faixa etária de pessoas elegíveis para vacinação contra Covid-19 é fundamental para superar a estagnação atual.
Além de melhorar a cobertura vacinal e garantir mais proteção à população de modo geral, a Fiocruz avalia que a vacinação de crianças é a melhor forma de protegê-las contra a doença. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia.
“É muito menos criança do que idoso atingido, mas não é um risco que pode ser ignorado”, afirma o pesquisador Raphael Guimarães, pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz e um dos autores do estudo. “Além do mais, a escassez de leitos de UTI neonatal e pediátrica é um problema crônico do Brasil, bem conhecido, bem documentado.”
Cerca de 10% da população adulta não se apresentou para vacinação contra Covid-19
Outra forma de ampliar o percentual de vacinados contra Covid-19, segundo os pesquisadores, é buscar ativamente quem ainda não compareceu para se imunizar. O estudo aponta que cerca de 10% da população adulta elegível para vacinação ainda não tomou a primeira dose. Os cientistas acreditam que somente uma pequena parte desse grupo seja contra a vacinação e a maioria não se apresentou por conta de dificuldades de acesso à imunização.
Em geral, a cobertura vacinal é menor em áreas carentes e entre minorias étnicas. “É razoável supor que a estagnação está mais relacionada à dificuldade de acesso do que à recusa a receber o imunizante”, diz Guimarães. “Portanto, é fundamental fortalecer estratégias comprometidas com a redução da iniquidade de vacinação, além de vacinar as crianças de 5 a 11 anos, ampliando a cobertura vacinal total do país.”