Ao decorrer da pandemia do novo coronavírus, médicos e pesquisadores se depararam com um número muito menor de crianças contaminadas pela Covid-19, mesmo crianças que tiveram contato com adultos infectados. Essa questão intriga todos os cientistas, pois, de fato, a maior parte dos pequenos são menos infectados pelo SARS-Cov-2, e quando testam positivo, apresentam um quadro brando e passageiro ou assintomático.
O que se sabe sobre as defesas infantis para o coronavírus
Ainda não existem resultados definitivos para entender porque as crianças são menos propensas a essa contaminação, entretanto, algumas pesquisas apontam que uma junção de fatores do sistema imunológico infantil podem explicar.
De acordo com esses estudos, a resposta desse sistema imunológico é diferente, e até mesmo crianças que apresentam leves sintomas da doença testam negativo para a Covid-19.
Pais contaminados, crianças saudáveis
A revista Nature, uma das mais renomadas do mundo, publicou um estudo feito na Austrália, com uma família de dois adultos e três crianças. No mês de março do ano de 2020, os pais das crianças foram contaminados e testaram positivo para o novo coronavírus. Dos seus filhos, que conviveram o tempo todo com eles, dois apresentaram sintomas muito leves da doença e um se manteve assintomático. Ainda assim, as três crianças fizeram 11 testes para a Covid-19 e negativaram em todos, feitos ao longo de 28 dias.
O sistema imunológico infantil
De acordo com Melanie Neeland, a imunologista autora da pesquisa, há a explicação para essa situação. O sistema imunológico infantil, quando se depara com o vírus, arquiteta uma super resposta de defesa, rápida e eficaz. Essa resposta age inativando o vírus antes mesmo que ela seja replicado. Isso faz com que o vírus fique inativo e os testes para a Covid-19 sejam negativados.
Estudo sobre a imunidade de crianças para o coronavírus
Em um estudo com 32 adultos e 47 crianças e jovens com até 18 anos, mostrou que: crianças produziam principalmente anticorpos direcionados à proteína spike SARS-CoV-2. Essa é proteína da qual o vírus usa para entrar nas células. Os adultos geraram anticorpos semelhantes, mas também desenvolveram anticorpos contra a proteína do nucleocapsídeo, que é essencial para a replicação viral. A proteína do nucleocapsídeo é liberada em quantidades significativas quando um vírus está disseminado no corpo.
As crianças não tinham anticorpos específicos para o nucleocapsídeo, o que sugere que elas não estão apresentando infecção generalizada, segundo os pesquisadores. As respostas imunológicas das crianças parecem ser capazes de eliminar o vírus antes que ele se replique em grande número. Quem chegou a essa conclusão foi a cientista Farber, que também participou do estudo.
Fonte: Nature Magazine, Uol.com