A CPI da Câmara Municipal de São Paulo, que está investigando a ação da Prevent Senior durante a pandemia da Covid-19 recebeu, na quinta-feira (21), graves denúncias, que revelam supostos assédios sexuais cometido por um médico da empresa em pacientes.
O caso foi revelado pela advogada Bruna Morato em coletiva de imprensa, logo após ela ter falado à comissão. Hoje, ela, que ajudou a elaborar um dossiê com denúncias sobre a operadora, é responsável pela defesa de 12 médicos que trabalharam na empresa.
Essa foi a segunda vez que a advogada falou para uma comissão que trata sobre a pandemia. A primeira vez foi em setembro, quando ela depôs à CPI da Covid, no Senado. Agora, ela voltou a falar, mas em São Paulo, onde revelou que um médico que atua no hospital de Santana, na Zona Norte da capital, teria cometido assédios enquanto atuava.
Segundo ela, o caso ocorreu em agosto de 2020 e é investigado pela Polícia Civil. Na denúncia, a vítima afirma que, quando foi assediada, estava internada com edema de glote e não conseguia falar. Na ocasião, afirma a vítima, o profissional teria tocado em seus seios, pernas e ainda acariciado as partes íntimas dele diante dela – uma sobrinha da mulher testemunhou parte dos atos.
Ainda de acordo com a advogada, o caso foi registrado na Delegacia da Mulher e acompanhado pelo Ministério Público. Além disso, foi realizada uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Todavia, depois de abrir uma sindicância, o conselho acabou arquivando o processo sem ter tido sequer ouvido o médico suspeito.
CPI diz que vai analisar denúncia
De acordo com o vereador Antonio Donato (PT), que é presidente da comissão em São Paulo, apesar da denúncia não ser relativa à Covid-19, os membros da Câmara vão analisar este e todos os outros casos que chegarem ao colegiado.
“Essa denúncia não diz respeito ao processo da Covid. Mas, evidentemente, qualquer denúncia, algum tratamento a gente pretende dar. Se a gente vai encaminhar ao Ministério Público ou algum órgão responsável, ou se vamos tratar de alguma maneira, estamos analisando. A CPI está atenta a esse período da pandemia, de março de 2020 até hoje. Se for anterior, foge um pouco do escopo da comissão”, afirmou.
Segundo a advogada dos médicos, essas denúncias de assédio e importunação sexual foram geradas, de acordo com ela, por uma falsa sensação de impunidade. “Existia essa sensação de que a empresa não seria fiscalizada e diversas irregularidades ocorreram”, disse ela, que ainda completou que “a sensação que se tem é que, com a pandemia, eles [médicos] se sentiram à vontade nos hospitais para praticar inúmeras irregularidades e essa seria mais uma entre tantas outras”.
Prevent diz que não encontrou irregularidades
Em nota, a Prevent Senior afirmou que contratou uma compliance que investigou o caso e concluiu que não houve irregularidades. Neste caso, afirma a empresa, “o médico deverá processar a paciente por denunciação caluniosa após o fim das investigações no âmbito policial”.
A Polícia Civil pediu à Prevent as imagens das câmeras de segurança onde teria acontecido o abuso hospital de Santana, mas a operadora afirmou que havia se passado 15 dias e os registros tinham sido apagados.
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