Nesta segunda-feira (20), o relator da Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem que ser responsabilizado pelo crime de corrupção no caso Covaxin.
Segundo o senador, o mandatário brasileiro ainda cometeu crime de prevaricação após não dar seguimento às denúncias levadas a ele pelos irmãos Miranda.
“Entendo (que o presidente praticou corrupção) e as suas digitais estão na mensagem, no telefonema que fez ao primeiro-ministro da Índia pedindo para reservar 20 milhões de doses de vacina. E depois o crime óbvio de prevaricação quando prometeu tomar providências com relação à investigação, depois dos irmãos Miranda terem dito que estava sendo feito isso e indicado a responsabilidade dessa negociação, que seria do líder do governo, deputado Ricardo Barros”, disse Renan em entrevista ao portal UOL.
O contrato de compra da Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão para compra de 20 milhões de doses da vacina, foi cancelado pelo Ministério da Saúde após denúncias de irregularidades levantadas pela CPI da Covid. Firmado com a empresa indiana Bharat Biotech com intermediação da Precisa Medicamentos, o contrato previa pagamento 50% mais caro do que o valor inicial da oferta.
“O detalhamento da investigação, as circunstâncias, os elementos probantes, tudo isso leva a crer que ele (Bolsonaro) terá que ser responsabilizado sim por crime de corrupção e que isso deverá constar do relatório.”, disse o relator da CPI.
Bolsonaro também teria cometido crime de prevaricação no caso Covaxin
Quando constataram irregularidades nas negociações de compra da vacina Covaxin, os irmãos Miranda se reuniram com Bolsonaro para levar a denúncia ao presidente, que não repassou a denúncia à Polícia Federal e não deu qualquer seguimento ao caso. O deputado federal Luís Claudio Miranda (DEM-DF), inclusive, já insinuou que teria uma gravação do encontro com o presidente.
No mês de julho, após pedido de Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF abriu inquérito sobre o caso e passou a investigar o presidente Bolsonaro por prevaricação.
“Aliás, crime esse que deve ser repartido com o próprio general Pazuelo, que também não encaminhou providência nenhuma, absolutamente”, disse Renan, sobre o ministro da Saúde na época das denúncias.