A possibilidade de infertilidade masculina provocada pela Covid-19 se tornou uma enorme preocupação entre os especialistas. A situação pode ocorrer como resultado das sequelas ocasionadas pela presença da inflamação no epidídimo, diz um estudo realizado e publicado pela Faculdade de Medicina da USP nesta semana.
Há muitas perguntas sem respostas diante da Covid-19, nova doença singular com sintomas variados, desde uma leve tosse até problemas fatais. Ao que tudo indica, a nova associação da doença com a infertilidade masculina também está relacionada com o receptor ACE-2.
O receptor ACE-2 está presente no corpo humano em vários locais, como no nariz, pulmão, intestinos, coração, fígado, cérebro e no testículo. Esse último, é o segundo órgão com maior quantidade de receptores ACE2, sendo o pulmão o primeiro. Nesse contexto, é bem provável que existam complicações mais complexas que afetarão a vida dos homens no futuro, pois a cada dia novos estudos evidenciam diversas sequelas e intercorrências diante da infecção pelo novo coronavírus.
A inflamação, apesar de ser indolor nesse caso, pode acometer silenciosamente os testículos e transformar em algo mais grave posteriormente, resultando, assim, na infertilidade. Há estudos em andamento com intuito de compreender a interação do SARS-CoV-2 e os hormônios masculinos, tendo em vista que as taxas de mortalidade nos homens são superiores em relação às mulheres.
Estudo da USP constata que 42,3% dos pacientes com quadro leve e moderado de Covid-19 apresentaram inflamação no epidídimo
O epidídimo está presente no aparelho reprodutor masculino e consiste em um ducto que coleta e armazena os espermatozoides, localizado na parte posterior dos testículos. Essa estrutura foi alvo de um estudo que evidenciou uma inflamação (epididimite) nos portadores de Covid-19.
O estudo recente foi publicado na revista científica Andrologia, no mês de fevereiro de 2021, contendo 26 pacientes de faixa etária entre 18 e 55 anos, com uma vida sexual ativa e quadro leve e moderado da doença. Vale ressaltar que nenhum dos pacientes apresentaram dor, porém 42,3% adquiriu uma epididimite (inflamação) na região, podendo causar infertilidade.
A ideia dos autores do estudo surgiu devido a primeira epidemia de SARS, ocorrida na Ásia, em 2020, e nessa época, verificou-se em autópsias a presença de inflamações nos testículos. A inflação era resultado da ligação com uma proteína chamada ACE2 e TMPRSS2. Diante disso, o vírus que atinge todo o mundo nos tempos atuais, utiliza o mesmo mecanismo para adentrar às células, e o testículos são áreas ricas em quantidades da proteína ACE2.
Entretanto, novos estudos ainda são necessários para afirmar com maior clareza os impactos do vírus no sistema reprodutor masculino. Assim, nunca é demais reforçar a importância das medidas de proteção, considerando que a doença ainda não mostrou ao mundo todo o seu potencial.
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