O ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, epidemiologista Wanderson de Oliveira, afirmou que a população do Brasil pode ter um Natal “seguro” em 2021, caso a campanha de vacinação contra a Covid-19 atinja toda população do país até o final do mês de outubro.
“Para termos um Natal seguro, temos que cobrar do governo que vacine todas as pessoas até final de outubro. Para isso, temos que ampliar a cobertura para [a aplicação de] 11 milhões de doses por semana”, disse Oliveira em entrevista ao portal UOL.
No total, mais de 32 milhões de brasileiros estão totalmente imunizados com a segunda dose ou com a dose única da vacina da Janssen, o que representa 15,17% da população brasileira, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa com dados das secretarias estaduais de Saúde. Já a primeira dose foi aplicada em cerca de 40% da população, ou pouco mais de 86 milhões de pessoas.
“Temos que fazer 11 milhões de doses de vacinas todas as semanas. Se nós fizermos isso, teremos capacidade de aproveitar as compras de fim de ano, os comerciantes vão poder recuperar parte das perdas que tiveram. E a gente vai poder fazer o mais importante, que é encontrar com nossos familiares e amigos e ter um Natal com muito mais confraternização.”, ressaltou Wanderson de Oliveira.
Ex-secretário afirma que não é hora de relaxar medidas contra a Covid-19
Na avaliação do epidemiologista, mesmo com a queda no número de novos casos, hospitalizações e mortes por Covid-19 no Brasil, “não é hora de relaxar medidas” como o distanciamento social, o uso de máscaras e de álcool em gel.
“O que vimos agora foi uma redução porque estávamos em patamares muito elevados”, afirmou o ex-secretário. Apesar da queda, o Brasil ainda apresenta indicadores da pandemia muito elevados. Nas últimas 24h, o país registrou 1.574 novas mortes por Covid-19, totalizando mais de 537 mil óbitos desde março de 2020.
“Não estamos no momento de relaxar as medidas, não é adequado. Estamos no inverno, que é o período mais propício [para a propagação do vírus]”, declarou.
O ex-secretário também observou que a retomada de atividades em outros países pode passar uma falsa sensação de segurança aos brasileiros.
“O adequado deveria ser olhar para os nossos pares. Como está a Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia. Porque esses países estão abaixo da [linha do] Equador. É fato que uma epidemia como essa não apresenta padrões sazonais claros, mas há uma influência importante do clima e da temperatura na transmissão de doenças respiratórias, e esse vírus não foge desse padrão”, disse.