Nesta terça-feira (10), a vice-diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão, afirmou que ainda não há evidências científicas que apontem para a necessidade de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19.
Segundo Mariângela, uma campanha pela dose de reforço nos países ricos pode significar falta de imunizantes no restante do mundo.
“A ciência não fala de dose extra. Não há evidência científica ainda de que precisamos ter essa terceira dose”, insistiu. “Se isso for feito, isso estará tirando a possibilidade de idosos e é um dilema ético”, alertou. “4 bilhões de doses já foram administradas. Mas isso tem ocorrido de forma muito desigual”, afirmou a vice-diretora da OMS.
Não é a primeira vez que a OMS se mostra contrária a ideia de aplicar a terceira dose da vacina. Na semana passada, a organização pediu para os países desenvolvidos estabelecerem uma moratória no uso da dose de reforço, até que os demais países do mundo tenham conseguido vacinar pelo menos 10% de seus cidadãos.
França e Alemanha anunciaram terceira dose de vacina
França e Alemanha, um dia após o pedido da OMS, anunciaram o início da campanha da terceira dose da vacina contra Covid-19 para idosos. Na avaliação da OMS, se outros países fizerem o mesmo, grupos vulneráveis de outras nações terão que aguardar ainda mais para serem imunizados.
Para Mariângela, as fabricantes de vacinas estão privilegiando a venda para países ricos. “Não podemos dizer que não estamos produzindo vacinas. Mas o mercado está se comportando como sempre fez. Não como se houvesse uma pandemia”, disse. “Existe uma diversidade de produtores. Mas estão priorizando os mercados de países ricos”, lamentou.
Para melhorar a distribuição de vacinas contra Covid-19, um dos focos da OMS é ampliar a produção dos imunizantes para outras partes do mundo, e não concentrar as fábricas na Europa e EUA. “Precisamos ampliar a produção no longo prazo”, disse.
Diante da escassez de vacinas, Mariângela ressalta que a melhor vacina é aquela disponível no posto de saúde, rechaçando as práticas de quem escolhe a marca do imunizante que irá tomar. “Isso é um luxo. Se for oferecido, tome, seja qual for”, defendeu Mariângela.