No Brasil, a maioria dos idosos vacinados contra Covid-19 mantém o isolamento social mesmo após a imunização, revelando que parte dessa população se conscientizou sobre os riscos da pandemia no país, que desde 20 de junho possui a maior média de mortes pela doença em todo o mundo.
A pesquisa realizada pela Unicid (Universidade Cidade São Paulo) é feita de maneira contínua, virtualmente ou pelo telefone, desde maio de 2020 e acompanha os idosos por um período de 18 meses.
Com objetivo de investigar o impacto da pandemia na saúde e na mobilidade de idosos brasileiros, o estudo também conta com a participação de docentes e pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro), Faculdade de Medicina de Jundiaí, UPE (Universidade de Pernambuco), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Universidade de Otago (Nova Zelândia) e Hospital Albert Einstein (SP), que integram a Rede de Pesquisa Remobilize.
Na primeira onda de Covid-19 no Brasil, a pesquisa colheu dados de 2.482 idosos com 60 anos ou mais, de 22 estados. Já na segunda onda, entre agosto e outubro de 2020, o número de participantes foi de 1.118 idosos. Em 2021, de fevereiro a abril, foram entrevistados 940 idosos.
Resultados da pesquisa em maio de 2020
- 80% dos entrevistados estavam seguindo as medidas de restrição social;
- 46,9% só estavam saindo quando totalmente inevitável;
- 29,3% estavam isolados completamente;
- 11,4% saindo e tomando cuidado;
- 8,9% estavam recebendo visitas;
- 2,8% alegaram que não mudaram a rotina;
- somente 0,5% ainda saem para caminhar.
Resultados em 2021
- 82% estão seguindo as medidas de restrição social:
- 49,3% só estavam saindo quando inevitável;
- 10,3% seguem totalmente isolados;
- 19,1% relataram estar saindo para trabalhar com cuidado;
- 9,2% permaneceram em casa, mas recebendo visitas;
- 2,8% não mudaram a rotina;
- 3,3% estão saindo apenas para caminhar.
Parte dos idosos vacinados contra Covid-19 segue em isolamento social
Através da pesquisa, é possível perceber uma queda significativa na mobilidade dos idosos após o começo da pandemia de Covid-19, em março de 2020.
“Todos os idosos reduziram seus espaços de vida, mas o impacto foi maior para idosos que moravam sozinhos, com idade entre 70 e 79 anos, e aqueles que se declararam de cor preta. Outras variáveis associadas à mudança na mobilidade nos espaços de vida, em menor grau, foram ser mulher, ter baixa escolaridade e baixa renda”, explica Monica Perracini, professora de doutorado e mestrado em fisioterapia da Unicid e consultora externa em dois projetos na OMS (Organização Mundial de Saúde).
De acordo com o levantamento, aproximadamente 87% dos idosos circulavam pela vizinhança antes da pandemia. Tal número caiu para 53% no começo da pandemia e subiu para 68% em 2021.
Ficar longos períodos em casa, sem mobilidade, pode ser prejudicial para a saúde dos idosos, que podem sofrer com a diminuição da força resistência muscular e do equilíbrio e da flexibilidade.
“Claro que é preciso que os idosos sigam as recomendações enquanto não temos a segurança de que a pandemia no Brasil está controlada. Porém existem consequências pouco divulgadas e que também precisariam estar recebendo atenção das autoridades e gestores de saúde”, avalia a especialista.