Em novo artigo da pesquisa Vacina Maré, que analisa a efetividade da vacina da Fiocruz/AstraZeneca contra a Covid-19 no complexo da Maré, no Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz aponta que o imunizante consegue proteger a população contra infecção, hospitalização e morte pela doença, mesmo em comunidades socialmente vulneráveis.
A vacinação em massa começou em julho de 2021 no Complexo da Maré, o maior conjunto de favelas no Rio de Janeiro, contando com cerca de 140 mil moradores.
A pesquisa Vacina Maré vem analisando o aumento gradativo da proteção conferida pelo imunizante da AstraZeneca após a vacinação, concluindo que depois de três semanas da primeira dose a proteção contra Covid-19 sintomática é de 31,6%. Já taxa de efetividade sobe para 65,1% duas semanas após a segunda dose.
“Qual a efetividade da vacina em proteger as pessoas e evitar que contraiam a Covid? As pessoas que tomaram a vacina estão protegidas de adquirir infecção pelo vírus? Essa é a grande pergunta do estudo, e a resposta é sim”, diz Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo.
“Hoje, há muita gente falando que a vacina não protege da doença, somente de hospitalização e morte. Isso não é verdade. Claro, o nível de proteção para as formas graves é maior. Se você está vacinado, pode se infectar e ficar assintomático, ou ter sintomas mais brandos. Por outro lado, muita gente não vai ter a doença porque está vacinada”, acrescentou o pesquisador.
Maré não teve mortes por Covid-19 entre outubro de 2021 e janeiro deste ano
O estudo é feito pela Fiocruz em parceria com Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, o Instituto de Saúde Global de Barcelona e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A pesquisa também conta com o apoio da Redes da Maré e do Projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid.
“A vacina protege em todos os níveis: da morte, da hospitalização e da aquisição do vírus ou adoecimento. Claro que esses níveis são diferentes: aqui, estamos falando de 65% contra aquisição depois da segunda dose. Quando olhamos para hospitalização e morte, isso sobe para mais de 80, 90%”, disse Fernando Bozza.
Segundo o Painel Rio Covid, da Prefeitura da capital fluminense, entre 30 de outubro de 2021 e 18 de janeiro deste ano, data da última atualização, não foram registradas mortes por Covid-19 no Complexo da Maré.
O estudo sobre a efetividade da vacina da AstraZeneca no Complexo da Maré foi publicado na revista Clinical Microbiology and Infection, da European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID).