Por conta do elevado número de óbitos causados pela Covid-19, em 10 meses, o registro de mortes no Brasil neste ano já supera o recorde de 2020. Ontem (27), o sistema de cartórios de registro civil mostrava 1,47 milhão de mortes em 2021, enquanto no ano passado o número total foi de 1,46 milhão.
Os números são do portal da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais), que computa as mortes registradas pelos cartórios. Os dados não são atualizados em tempo real, podendo levar até 15 dias para serem carregados no portal. Dessa forma, o número de óbitos é ainda maior.
Por conta da primeira onda da pandemia de Covid-19 no Brasil em 2020, o país havia batido o recorde de óbitos em um único ano. No entanto, a nova onda de casos da doença em 2021 foi ainda pior, chegando a dobrar o número de mortes causadas pelo novo coronavírus.
“Na comparação com 2020, são 200 mil óbitos a mais de covid. Então já se esperaria que o número de óbitos no país chegasse a 1,6 milhão no final do ano”, afirma o epidemiologista Antônio Lima Neto, da Unifor (Universidade de Fortaleza), ao portal UOL.
Covid-19 é principal fator que levou ao recorde no número de mortes no Brasil
De acordo com Lima Neto, o excesso de mortes no Brasil está diretamente relacionado com a Covid-19. “A Covid induziu à morte precoce em alguns desses casos, por exemplos, em causas cardiovasculares. Foi ela que induziu a essa cascata de eventos que levou às mortes, por isso a covid fica como a causa básica. As demais são secundárias”, diz.
“Ou seja, os mais frágeis muito provavelmente sucumbiram em uma proporção considerável. No fundo, foi a covid que impactou [nesse número], sobretudo entre os que tinham essas doenças mais descontroladas e viviam em situações de pior condição socioeconômica e estilos de vida menos adequados.”, acrescentou o epidemiologista.
Na avaliação de Lima Neto, com o avanço da vacinação, a tendência para os últimos meses do ano é que o número de mortes siga menor do que a média registrada no começo de 2021.
“Você está com um cenário mais ou menos controlado, a tendência é que a gente siga com uma média diária de mortes menor”, conclui.