A proposta de compra do TikTok pela Microsoft, um casamento arranjado pelo presidente Donald Trump, não agradou investidores da ByteDance, que opera o aplicativo, e também gerou burburinho nas redes sociais chinesas.
A gigante de tecnologia anunciou seu interesse na compra do TikTok neste domingo, após o presidente dos Estados Unidos voltar atrás na intenção de banir o aplicativo do país, citando preocupação com a segurança nacional.
Trump deu às duas empresas o prazo de 45 dias para firmarem o acordo.
Oportunidade
A aquisição daria uma chance ímpar à Microsoft para se tornar mais competitiva no setor das redes sociais, fazendo frente a gigantes como Facebook e Snap.
A possível compradora do TikTok, que também declarou intenção de comprar as operações do aplicativo no Canadá, Austrália e Nova Zelândia, atualmente administra redes como LinkedIn e Teams.
A atual dona do TikTok, ByteDance, não confirmou as negociações. Contudo, uma carta distribuída internamente na empresa mencionou conversas com uma empresa de tecnologia para manter as operações nos Estados Unidos.
Aquisição geopolítica
Fazer um acordo que agrade todas as partes envolvidas será muito difícil, tendo em vista a magnitude dos interesses envolvidos.
Fred Hu, falando em nome da empresa de private equity Primavera Capital Group, que investe na ByteDance, disse que um acordo forçado por Washington poderia levar a litigâncias sem fim, caso não satisfaça os acionistas.
Além disso, apesar de dar credibilidade à Microsoft, Hu também questionou como vender grandes partes da operação do TikTok poderia beneficiar a ByteDance, uma vez que o aplicativo ainda está em trajetória de franco crescimento.
“Absolutamente não faz sentido. ByteDance é uma vítima inocente da política louca e da geopolítica louca”, disse o executivo.
“É um resultado triste para a ByteDance, para o capitalismo empreendedor, e para o futuro do comércio global”, avaliou.
Banqueiros de tecnologia da Ásia informaram que bancos de investimento trabalhando no acordo terão de ser muito cuidadosos, de modo a não antagonizar os interesses de Trump.
De fato, é uma situação de fusões e aquisições inédita, com difícil previsão de resultado. A única certeza é que o acordo terá que agradar Washington.