Inusitado. É assim que podemos classificar um acordo feito entre a Justiça do Rio de Janeiro e o artista Chico Fernandes, de 37 anos. Isso porque ele concordou com a proposta feita pelas autoridades e se comprometeu a não aparecer nu na capital carioca pelos próximos cinco anos.
Esse acordo acontece porque em março deste ano, o homem, completamente nu, escalou o monumento dedicado ao General Osório, na Praça XV, no Centro da capital carioca, e disse que só sairia de lá quando todos fossem vacinados contra a Covid-19. Na ocasião, ele foi levado para a 4ª DP, na Central do Brasil, onde assinou um termo circunstanciado por atentado ao pudor.
Na quarta-feira (01), durante o julgamento do caso, ocorrido no Juizado Especial Criminal do Rio, o artista aceitou a proposta do Ministério Público (MP) de pagar uma multa que, de R$500, acabou sendo acordada em R$ 250 depois de ele ter reclamado do valor.
O acordo inusitado foi divulgado pelo próprio artista em sua rede social. “Em audiência, concordei em pagar R$ 250 e não performar nu no Rio de Janeiro por cinco anos. Poderia ter ido a julgamento e absolvido ou condenado, mas optei pelo acordo. O valor deveria ser R$ 500, mas expus que é muito. Pagarei a metade”, disse.
Em outro momento, ele filosofou, chamando os tempos atuais de “apocalipse tropical”. “Tenho pensado muito em questões materiais. Parcelei a escada que utilizei na performance em 6x e pedi para pagar menos à Justiça. Tenho pouco, mas tem tanta gente que tem menos neste apocalipse tropical”, escreveu Chico.
Artista se apresenta nu
A aparição completamente despido pelo Rio de Janeiro não é nada incomum na vida de Chico Fernandes, que é um artista performático dedicado a usar o próprio corpo desde 2017. Durante suas apresentações, ele afirma que busca fazer intervenções artísticas no contexto urbano para gerar algum tipo de reflexão crítica.
“Se eu estivesse em um museu, atingiria apenas um público elitizado que iria lá para ver isso. Nas ruas atinjo mais gente e produzo todo tipo de reflexão: riso, raiva, incômodo”, justificou ele sobre a apresentação que o fez ser julgado e condenado a pagar a multa.
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