Um adolescente de 17 anos foi morto durante uma ação da Polícia Militar (PM) no sábado (25) em Anchieta, na Zona Norte do Rio de Janeiro. De acordo com as informações da família de Samuel Vicente, ele era estudante da escola da PM em São Gonçalo e sonhava em seguir carreira militar.
“O sonho dele era ser militar e usar farda. Queria tanto usar farda que a farda acabou matando eles”, disse Sônia Bonfim Vicente, mãe de Samuel, nesta segunda-feira (27) em entrevista ao jornal “Bom dia Rio”, da TV Globo.
Segundo ela, além de Samuel, Willian Vasconcellos da Silva, que era seu companheiro e padrasto do garoto, também morreu após ser atingido por disparos supostamente efetuados pelos policiais militares.
Vítimas estavam em uma moto
De acordo com as informações, o caso aconteceu enquanto Samuel estava na garupa de uma moto guiada pelo padrasto, que também levava a namorada do adolescente, que estava passando mal, para uma Unidade de pronto Atendimento (UPA).
Segundo os familiares das vítimas, no caminho da unidade, os três, que estavam juntos na moto, acabaram sendo surpreendidos por uma equipe de policiais militares que chegaram atirando.
Em nota, a PM deu sua versão do caso, afirmando que agentes da entidade estavam fazendo um patrulhamento na região, acabaram sendo atacados. Além disso, a corporação também afirma que com os suspeitos, foram apreendidas duas pistolas, carregadores, munições, um conversor para submetralhadora, dois rádios e material entorpecente.
Família nega que os dois eram bandidos
Após as informações da PM, a família do adolescente negou que ele, o padrasto ou a namorada tenham envolvimento com o crime. Segundo a mãe do adolescente, Samuel e a companheira estavam em uma festa quando a jovem teria passado mal e o padrasto foi ao local para levá-la médico.
“Eles estão falando que eles eram bandidos, mas não eram bandidos não. Que eles trocaram tiros. Mas se trocaram tiros, cadê o policial ferido? Não tem. E, se não tem, é porque não teve troca de tiros. Eles atiraram neles”, disse a mãe de Samuel.
OAB questiona a versão da PM
Um comunicado da Ordem dos Advogados (OAB) do Rio de Janeiro, assinado pelo procurador da comissão, Rodrigo Mondego, também questionou a versão da PM de que tenha havido um confronto.
“Que bandido no Rio anda com sua própria moto, no próprio nome? Que bandido anda no Rio com o enteado e com a namorada dele passando mal para acessar uma UPA? Que bandido no Rio estuda em uma escola da Polícia Militar?”, começa o procurador.
“Samuel estudava na escola da Polícia Militar. Eles vão manter esta mesma narrativa? De novo? De que eram suspeitos, bandidos, três bandidos em uma moto e que eles atacaram os policiais? Não tem como”, afirmou Rodrigo Mondego.
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